quinta-feira, 12 de abril de 2012

Essa já é a quinta vez que me olho no espelho em vinte minutos. Meus olhos estão inchados e minhas comentadas olheiras pioraram.
Já estou na décima xícara de café e na quarta aspirina desde o meio dia. Não levantei direito, nem banho tomei e estou inalando o lençol em que nos deitamos.
Nem tenho mais unhas para roer e minha alma dói tanto que dá vontade de gritar e arranhar as paredes desse quarto que te contém em cada centímetro e que contém seu cheiro e seu sorriso nas manhãs de domingo.
Minha cabeça dói, meu rim esquerdo chuta e minhas lágrimas descem gordas pelos meus olhos e cabelos e ouvidos.
Amanhã o sol vai nascer e minha rotina começa. Já pensei em mudar de planeta, mas não posso desistir assim. Tentei sair de casa, mas até as escadas nos contém. Parei, olhei em volta e caí novamente num pranto profundo. Gritei seu nome três vezes nas escadas vazias e escuras e você não apareceu. Já sussurrei por você milhares de vezes, e de nada adiantou.
Lembrei do oceano vazando de mim e de você pegando essa água salgada e dolorida nos dedos e levando até a sua boca e dizendo que vai me esperar e que eu não sou de mais ninguém.
Toquei meus lábios mais uma vez, e mais uma vez desejei a textura dos seus. E mais uma vez eu chorei. E me cortei.
Nada clama por mim, e essa sensação de vazio não passa.
Será que se eu pedir a Deus você vem? Me acalenta? Se ele existe, vai fazer isso por mim, eu não sou tão má.
Pensei em ir até sua morada mais de cem vezes desde a hora em que você saiu, mas esse impulso sempre se recolhe. Pensei em te dizer mil coisas, te liguei duas vezes e desliguei no primeiro toque.
O café acabou de acabar e eu tenho a certeza de que vou enlouquecer de vez. Não penteei os cabelos e estou sem roupa, a espera de você, que não mais virá hoje. Mamãe escondeu as aspirinas, segundo ela, isso me faz mal. Mas mal, eu já estou. E bem eu só ficarei quando você pra mim voltar; quando tocar minhas mãos e jurar que vai me deixar fazer certinho dessa vez, que vai deixar pular fora essa minha menina má.

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