terça-feira, 31 de julho de 2012

a gente tem uma pessoa
e a gente perde ela
quantas vezes mais ela teria que sofrer?
quantas vezes ela diria adeus?
ela continuou gritando
sacudiu o mundo
enlouqueceu
definhou a olhos vistos
[ e de nada adiantou
ainda lembro dos nossos dias dourados
dias em que o sol era mais quente. dias em que um abraço curava dores.
lembro dos nossos olhares: ocultos, de medo, tristeza. desejo
de certa forma, eu continuo guardando nossas fotografias mentais, junto com a pulseira colorida, aquela que nós tínhamos iguais
[ e que você já nem deve lembrar mais

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Gabriel

aos poucos anos, vazou-lhe tudo pelo olho.
a vida resistiu
[a imaginação e os desenhos também







meu babaca, eu te amo
eu não sou boazinha
não uso salto
vestidos? nem pensar!
tá tudo errado
você é bonzinho
eu sou má
adoro quando me nomeiam louca
absurda.
gosto de ser a senhora das coisas intensas
incomuns
fora de série
antes de você, eu era segura
não me importava
não queria cuidados
não sentia ciúmes
abraçava o mundo.
não acreditava que o tal amor poderia suportar diferenças e não sentia tantas vontades.
antes de você, eu julgava errado tudo o que hoje, temos como certo
em meio á tanta melancolia
nem percebi o tom azul do céu
o brilho tímido do sol
o moço, me acenando da esquina
em meio à tanta coisa má, nunca pensei que a vida
poderia continuar
aos cinco, queria ser bailarina
com dez, minha paixão era a biologia
quatorze, e eu pensava em psicologia
hoje, a quem me pergunta, respondo na lata: serei rameira, puta, louca.
mulher da vida
ele suspirava, e sua língua passeava pelos meus dentes, em meus lábios abertos;
ele respirava, e suas mãos desciam pela base em minhas costas;
ele suspirava. uma, duas, três vezes
e meu mundo se resumia naqueles suspiros, logo logo acompanhados de um sorriso.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

pelo que eu sei, ele sempre foi impossível
pregava peças, burlava regras
falava o que pensava. faltava aulas. contestava tudo
ele sempre fez loucuras com um quê de alucinação
e, pelo que eu sei, ele sempre ganha todo o mundo
dizem que nunca se sabe quando a inspiração vem
a minha, eu sei bem de onde vem: dos mil 'ele'
das manias. dos cabelos negros; dos longos cílios perigosos, cheios de armadilhas
pegadas
precipitações
o medo. o incerto.
o escuro. a noite
tudo me leva à ele
tudo me faz ser ele
andar ele
ser dele
ele fala de mim quase querendo que eu acredite que tudo passará de coisas carnais.
pra sempre é um período de tempo demasiado longo.
[durante esse 'pra sempre', nem as sensações carnais seriam eternas e nem eu seria capaz de fingir
suspiros tão intensos
tô pensando em me alistar no exército das putas
viver da liberdade, da bebida e da foda.
deitar e conhecer mil mapas em mil corpos.
apanhar e agradecer por isso
ter, ao menos uma vez, a síndrome de Julia Roberts
e, no fim da vida, assinar papéis delirando.
ser a puta particular [de um homem só

quarta-feira, 11 de julho de 2012


ele chegou há horas. já fumou três carteiras de cigarro.e bebeu. misturou tudo, mas continua de pé.tão jovem, bonito. tá de terno. de onde será que ele vem? e outra: há horas ele chama pelo mesmo nome. e nomeia tudo com esse mesmo nome. até cerveja! nem sei o que fazer. já tentei expulsar e nada. já avisei que ia fechar e nada. ele continua ali, fumando sem parar, bebendo além da conta e chamando alguém.
ninguém consegue convencê-lo a ir embora. ele já chorou. e chamou o nome. aquele nome. sempre o mesmo nome.
tenho pena, mas o que eu posso fazer? ele parece ter conhecido a dor de perder alguém.
quanto tempo mais ele vai fumar, beber e chamar alguém que não vem? quantas vezes mais ele terá que sofrer?
ele continuou clamando o tal nome. mas de nada adiantou

- oh, julieta.
- meu romeu
- espera!
- que foi?
- nós somos romeu e julieta de quê?
- huum, romeu montéquio e julieta capuleto
- que feio!
- nem acho!
- tem que nacionalizar isso aê.
- tipo como?
- eu sou romeu da silva e você é julieta vieira.
- que feio!
- é nada.
- ta bom ta bom. então, romeu. para o além-mar fugiremos?
- e minha família?
- abandone-os
- oh, doce julieta, mamãe precisa de mim.
- porra, tua mãe é uma velha.
- tá bom
- fácil assim?
- incorpora o personagem, ô!
- doce julieta..
- me beija, romeu
- tá
- mas é beijo beijo!
- pronto
- abre essa boca!
- agora sim
- então, romeu...
- teu celular tá tocando, julieta
- merda
- oh, julieta, me deixe pegar na sua..
- gaveta!
- maçaneta!
- rimou!
- agora eu vou ser julieta
- gostosa
- ain, para
- me beija. beijo de cinema
- fiquei torto
- te ajeita!
- você ta mal hein
- você é um ótimo ator.
- eu sei, menina
- me beija logo romeu.
- tá bom




( para Lucas Batista, meu poço de imaginação sem futuro. eu te amo você tu )

era o perfume.
sempre o perfume, que parecia ser o mesmo e já não era.
a mistura do perfume com o suor matinal lembrava-lhe manhãs que já pareciam distantes.
manhãs em que ela o contemplava dormindo, em um sono solto, quase sem respirar. manhãs em que ela acordava quatro, cinco vezes, com o mesmo beijo. manhãs em que a vida só começava à uma da tarde.
manhãs distantes. e que não voltariam mais.
já tive sonhos. motivações. mil príncipes.
já quis. já fui. já chorei. sequei os olhos. me fiz de louca
fui louca. esquizofrênica.
Hoje, tenho garrafas com água. barris secos. folhas em branco;
alma vazia
e nada mais
banho frio
café quente
e toda a água que lhe escorreu parecia ser negra.
pintou-se para disfarçar o cansaço
fez-se de bruta. rude. forte
para descobrir, no fim de tudo, que era frágil
A depressão não me serve para chorar.
chamar a mamãe.
beber.
nessas horas eu escrevo. porcarias que ninguém quer ler. e nada mais.
ela tomava café e a xícara parecia a mesma. a mesma. só e somente a mesma.
ela amava. e a pessoa parecia a mesma. só e somente a mesma.
ela chorava e as lágrimas pareciam as mesmas. só e somente as mesmas.
mas não eram. eram um misto de dor, tédio. frustração. tristeza.
ela andava. e parecia não ser a mesma. mas ela era.
a mesma. só e somente a mesma
ele sempre quis me comer.
com o pau. com a boca. com os olhos.
sempre me tratava com um gracejo e me chamava de gostosa.
nunca gatinha. nunca princesa. sempre gostosa.
gostosa, traz minha cerveja
gostosa, me dá um beijo
gostosa, me escreve
gostosa, me chupa
eu nunca reclamei.
gostava de ser comida.
com o pau, com a boca, com os olhos.
até que, esses dias, ele se foi.
em sua despedida, me deu um novo nome.
puta.

sábado, 7 de julho de 2012

se ele perguntar por mim, diz que eu rezo.
que finjo prazeres mais intensos e que bocejo menos.
se ele perguntar por mim, traga-o até a minha rua,
diz que eu tô perdida por dentro.
aprende, menina. quem quer ficar fica. quem ama, procura. quem sabe, fala.
então para de rastejar por esse idiota de uma vez.
rasga as meias, corta essa calça. põe um rímel. vive, menina! vai ser feliz!
procura surpresas pelas esquinas.
mesmo que o vento não sopre e que as árvores pareçam sempre iguais, você nunca será o mesmo.
mesmo que faças a mesma coisa, todos os dias, tudo se move.
e mesmo que você não aceite, sempre estará em constante mudança.
eu ando me perdendo nos teus olhos escuros rodeados de cílios perigosos.
me concentro na tua respiração e sinto que não há nada melhor no mundo.



'' porque ele não regra o que eu carrego aqui dentro. ''
eu gosto tanto de ti.
dos teus cabelos grossos, lábios finos.
das tuas manias, da rebeldia.
amo os teus sonhos.
enlouqueço com esse teu jeito de me procurar e fingir que não me quer.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

se for pra enfrentar a quentura desses dias,
eu quero que seja ao lado das tuas mil manias.

Tu tens uma lenda pessoal para cumprir, e ponto final. Não importa se os outros apoiam, criticam, ignoram, toleram - tu estás a fazer isso porque é o teu destino nesta terra.



( Paulo Coelho )

mania

é teu nome que eu chamo quando sinto falta de alguém. é teu cheiro que eu sinto quando o vento sopra.
é teu o sorriso idiota que sai dos meus lábios a cada cinco minutos.
é pra você que eu quero relatar meus dias, é em você que eu quero despejar a culpa quando tudo der certo. e errado.
porque tudo que meche comigo é metade. meio feio, meio torto, meio esquisito. assim como você parece ser quase todo perfeito.
as mechas negras caindo sobre esses longos cílios e os mil sorrisos presunçosos.
a calmaria na noite que se inicia e a agitação nos arrepios dessa pele que parece só escutar você
porque tudo que me envolve e move é errado. armadilha.
e você, que parece ser até tão certo, caiu.
oh, coitados de nós.
pobre de mim, que já não tenho saída e fico me esfaqueando toda vez que noto que ando sentindo demais a tua falta.