quinta-feira, 1 de novembro de 2012

se algum dia tu se sentires preso, pássaro na gaiola da tristeza, eu te liberto. liberto, sim. te deixo. te dou ao vento. não, não é o que eu quero. o que eu quero, tá longe disso. eu quero sentir teu cheiro todo dia, quero ouvir a tua voz todo minuto. eu quero você, da raiz do cabelo ao mindinho do pé. eu quero você pra decidir caminhos e quero você pra dividir o lençol. eu ceguei. enlouqueci. e você é a coisa mais linda dormindo. é a coisa mais linda respirando. é contigo que eu quero raízes. é pra você que eu quero ajoelhar, jurar amor, morrer no calor. é a tua respiração que eu quero na minha nuca, de madrugada. é a tua cabeça que eu quero encostada no meu seio, caindo de sono, de cansaço, de tédio. de nada; mas se tu quiseres ir, eu deixo. vai, cai na vida. mas volta, volta. e diz que sentiu falta, que 'morreu de mim'. que o mundo é feio, e que eu sorrio bonito. diz tudo, grita alto. mas não deixa o seio da minha vida. não me deixa contando histórias pro nada. não me deixa escrever intermináveis cartas à ninguém.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

tempo que eu não te escrevo, né?! antes até nosso ócio virada texto. o que dirá as outras tantas e tantas e tantas coisas... choveu por aí? o dia hoje foi frio, cinza. um dia que me deixou com medo. um dia que me remeteu à outros dias que eu, decididamente, pensei ter esquecido. espero que o sol tenha tocado tua pele, tenha até te feito cócegas. sentiu minha falta? pensou em me procurar? eu pensei... se eu fosse você, eu me procurava. foge não! o dia foi cinza, triste. nada a ver com a gente. nada a ver com quase nada que eu precisava passar; eu me molhei toda, e pensei em ti o dia todo. o sol abriu, tem um tempo. mas nem isso abriu a mim. hoje tudo servia e ao mesmo tempo não serviu. hoje o dia, além de cinza, foi amargo. usando uma só palavra para descrever: fel. tudo hoje foi fel. cinza. mas porque cinza? o azul do céu era tão bonito, mas até isso eu esqueci. quase rastejei. molhei meus sapatos. quase montei guarita nos lugares que você frequenta, mas não o fiz. que bela medrosa eu sou. mas eu só tive medo, como eu já havia lhe dito, porque o dia foi cinza. e cinza, decididamente, não combina quando eu lembro dos teus olhos.
'' Uma chuva que não tinha nada a ver
com nada começa a cair sobre eles e
ambos reclamam: - Meu cabelo! :a
E assim chega a hora de ele ir.
Se despedem com um abraço forte porém curto. ''



Memórias de Março, 10/03 em pleno mês de junho 
para viver é preciso coragem
liberdade
vontade
e preciso destruir
- ao menos uma vez -
um quarto com livros e cartas de amor
adoro quando ele, quente, recita pelo meu corpo algo que já escrevi.
adoro ainda quando ele entrega os desejos no olhar.
adoro quando ele repete meu nome
odeio orações. adoro quando ele me transforma em uma.
eu adoro as manias, a forma como eu o devoro na poesia.
acho lindo quando ele, entorpecido, sai dos seus sonhos pra me ter
Passei os dias como levei as noites.
Com medo. Enrolado em cobertas. Querendo construir algo permanente.
Cansei! Meus pulmões falham. 16, vejam só! E nem a áurea presta;
não, eu não choro. não há mais forças pra isso.
O problema é que chove, chove lá fora. E troveja aqui dentro, há mais de um mês.
eu vou te levar até a orla. contar cirandinhas e rasgar, com os dedos, a tua postura pouca.
tirar, com a boca, o que tu escondes, embaixo da roupa
diga, menina, se você ainda estará aqui quando essa bateção de tambores terminar.
Eu sei, eu sei. Você só segue caminhos, se teu corpo mexer junto.
pobre pobre criança louca, pra quê correr? Porque a pressa?
Tem medo? Medo de um dia que só tem 24 horas?
Pare, não é crime. Quando foi a última vez que você sonhou? Tem coisas acontecendo, já viu? Dê a si mesma uma chance de fugir. Tira o telefone do gancho. Desliga o celular. Se desliga!
Quando você se dará conta de que tem coisas lá fora, ansiosas por você?

sábado, 22 de setembro de 2012

Ei! Eu estava à sua procura, sabia? Olha! olha! Eu tô linda, né?! Vestida de noiva, pro nosso casamento. Lembra? Lembra? Você prometeu! Jurou de dedinho. Disse que seria meu e que eu te daria um filho. Ah!  você também disse que me amava. Era mentira? Eu vim aqui pro nosso casamento.Fugi de casa por você. O quê? Acabou? Não quer mais casar? Não me quer? Mas você jurou! Jurou de dedinho! E a paixão, era farsa também? Bem que minha mãe disse, que você mentia. Chega mais perto, vem. É mesmo! Mamãe estava certa! Você cheira à farsa! Ei! me larga! Eu não sou louca. Só vim cobrar a tua promessa. Vim buscar o meu futuro, lembra? Aquele que você controlou e planejou? Escuta, escuta. Se você não quer casar, a gente se mata. Sério! Escondi navalhas e cianureto na anágua. Só quero que você pague a sua dívida. Quero que sejas meu para sempre. Sempre, sempre, sempre, sempre...

Nova

Nós estávamos bêbados. Álcool, mar. E uma lua Nova. Até hoje pergunto-me como nossas lembranças cabem em uma caixa de sapatos.
Continuando, estávamos bêbados. Era sábado. Só podia ser sábado. Nós só bebíamos aos sábados.
Ele odiava a acidez do vinho e eu detestava a queimação da vodka, mas bebíamos, mesmo assim. Brindávamos á nós. À rua. Ao velho. Ao novo. Ao cachorro. Aos muros.
Quem sabe, se eu tivesse dito, ele não teria tomado outro rumo. Talvez, se eu entregasse as cartas, ele pensaria em mim com mais cuidado. Mas a vida (ou o que eu fiz da minha) não é justa.
Naquela noite, com a lua Nova, meu ser estava velho.Eu, pálida, bêbada, louca, lutava para ir, querendo ficar. Ele até tentou me deixar melhor, e isso só me fazia sentir pior
- O que a donzela tem?
- Nada
- Tem certeza?
- Sim
- É isso que você quer? Não me querer?
- Menino, a noite tá acabando. Ou você vai embora, ou irei eu.
- Assim, tão direta?
- Eu não posso te viciar em mim
- Mas somos o par perfeito: a louca e o esquizofrênico
- Larga esse copo. Beija os meus cabelos
- Cheiro de laranja
- Lavei hoje
- Sabia
- Então, vai partir que horas?
- Nem sei.
- Tu sabes, eu sei. Quando a lua mudar, eu te quero longe. E repito: se tu não fores, eu vou.
Adormeci.
Acordei na madrugada, com os primórdios do sol. E até hoje volto àquela praia. Cato conchas e seixos, como se isso mapeasse o caminho até o amor que eu deixei ir.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012


quer resposta pra tudo?
mas, por que isso?
precisamos é andar
no caminho contrário
abraçar o mistério
rir com o risco
não sinta repula
não hesite meus braços
não fuja
faça de mim seu lar
não, não tenha medo
eu amo, amo você
posso não apagar os teus vazios, e continuo aqui
chegarei mais perto
quando você quiser ficar só.
você me tem, ouviu?
me tem.
tudo bem, eu tô aqui
explode, se entrega.
mas, se ficar escuro
segura as minhas mãos
eu não irei embora
qualquer armadilha, pensa em mim
chama meu nome
que eu corro até você
que eu cuido de você
que eu te mostro constelações
até o dia amanhecer
acostumei-me a chegar em casa
com gosto de vodka, leve
coração na mão
e o teu cheiro entranhado
nas fibras da minha roupa
eu queria o mar
uma toalha branca, estendida na areia
céu azul
pôr-do-sol
e nós
felicidade, pra mim, é beijar os teus olhos.
tocar teus cabelos, morder teu lábio inferior, corado, cheio
êxtase, pra mim, é me enroscar no teu colo, te fazer de morada, contemplar teu sono solto, nas primeiras horas da madrugada
gozar, pra mim, é roubar teus sorrisos escondidos, sentir a tua respiração leve, na ponta da minha orelha
sonhar, pra mim, é pegar as tuas mãos
contar estrelas amarelas em um céu que já foi cinza

eu me dou por vencida
quando os teus dedos vasculham
o calor que aflora em minha pele
me pega
não nega
me doma
me beija
me bate
idolatra
foge. fode
se esconde
me enrosca
me toma
me ama
me serve
me usa
abusa
de mim
mistério
me dá
uma noite
sem fim
quando eu me for, nem me procures!
eu não deixarei rastro
eu não levarei nada
já que nada pertence
á essa minha vida desalmada
eu quero andar pra longe
me embrenhar
perder o caminho de mim
e nunca mais voltar
que tipo de pessoa demonstra amor odiando?
quem mais suportaria saber dos meus dias?
quem mais repetiria o mesmo gesto, a mesma palavra, diversas vezes, pra me ver sorrindo?
sabe, ele é assim
isso é bem típico
e eu adoro
quando tem você no meio,
eu esqueço o tempo, a noite
da chuva que pode cair e do fato que eu tenho casa
que não posso fazer de você, a minha morada
- você tem mãos de anjo
- anjos não fazem esse tipo de coisa. são assexuados
- mãos de fada, então
- fadas não fazem isso
- mas eu conheço uma que faz
talvez, um dia, eu acorde livre dessa gaiola
talvez, um dia, eu acorde sem querer saber de você
gosto de pensar em mim como heroína
isso até me acalma
[mas eu não me salvo
qualquer coisa é válida
qualquer caminho é rumo
pra quem já não tem nada
tentei. gritei.
lutei pra ser alguém
e tudo que ganhei
foi um vazio que não sara
- tá indo pra casa?
- tô! mas se quiser, pode ser pra sua
eu odeio cada coisa tua
arranhei os teus cd's
rasguei teu nome dos meus cadernos
passei a usar o perfume que te enoja e fiz uma tatuagem com o nome da banda que você detesta
pixei o muro da tua casa, paquerei teu melhor amigo, me aliei ao teu inimigo
ando com a turma que você odeia
hoje, eu nego tudo que te fazia bem e amo tudo que seja capaz de te quebrar
me deixa gritar
me embala. não nega
me cede teu colo, tua luz, teus dedos pra segurar meu pranto.
me deixa ser qualquer coisa. não me cospe da tua vida
me chama pra dançar, ao som de qualquer música, no meio da sala
me pendura no teu cabide, me deixa enfeitar a tua estante
acole. aquece.
minhas dúvidas, meu desespero raso
me engana, sei lá
diz, pelo menos uma vez, que pensa em mim
que risca meu nome pelos muros.
finge que se importa, ao menos uma vez.
me tira do abismo
me conta um conto
entende meus medos do escuro
eu escrevo pouco, sabe
talvez porque sinta pouco.
ou quem sabe sinta muito
e não há palavras para expressar.

domingo, 19 de agosto de 2012


é porque você não estava aqui
o apartamento tava vazio, as louças, quebradas
nossa música tocava no rádio
eu estava cortada
peguei a solidão
e dancei valsa com ela
o que escrever
se não há ódio
paz
amor
eu o flagrei me observando
e senti meu mundo invadido
senti paz. desejo. suor. ódio
em uma mísera fração de segundos
dói. é aperto. angústia
insanidade
eu vou me morrer
Você vai me matar
e eu ainda chamarei teu nome
no peito?
aquela coisa arisca
sensações doloridas
uma lixa de parede

terça-feira, 14 de agosto de 2012

eu gosto de te olhar fundo
e observar
que o escuro dos teus olhos
trazem o mesmo pecado dos meus
eu passo o dia sendo dura
fria
decreto a morte do romance
mas, lá no fundo, é ele quem me acalma, são pra ele meus sorrisos
dentro de mim, é dele que eu espero surpresas, flores
é dele que eu quero ouvir um 'eu te amo' entre beijos
é ele quem eu quero que me envolva, me guie, me leve
que segure meu pranto, me beije as mãos
me faça juras de amor.
porque é ele quem vai adormecer parte da minha moça má
é ele quem vai costurar os rasgos do pranto, em minha garganta cansada
é engraçado
apesar de já ter me esquecido, você continua sendo o número um
na minha lista de prioridades

ressaca da vida. das coisas. da comida.
cansaço dos tudos, do mundo, agora tão sofrido, agora tão igual.
o mesmo sofá,  os mesmos livros, me aguardam em casa
as paredes. cheias do teu cheiro, querem a tua volta.
meus lençóis continuam com as tuas marcas e tuas digitais.
eu morri de amor
e renasci no ódio
depois que você se foi, eu me permiti morrer por 24 horas
surgi, juntamente com o nascer do sol
e cresci com a chegada da tal mãe lua

são suas as noites insones
a vida dividida
são sobre você os segredos.
as conversas intermináveis
são seus os livros, os quadros, os aromas
são pra você os textos, as baladas, as idas
é teu meu abismo, meus olhos, meus seios, minha identidade
é pra você minha chama
a luz do quarto acesa, a janela aberta
é por você a espera, o papel. a poesia
eu me dou á você
esquecendo, enfim, a falta de identidade das coisas
trago lama em meus pés
poeira em meus cabelos
e pedaços do meu coração vadio
nos dedos


acham legal
riem
gozam
e eu continuo tendo pensamentos
claramente suicidas
[ligeiramente psicopatas

o meu vento seguirá a tua sombra.
e meus olhos irão acompanhar os teus cabelos
porque pra onde tu fores, eu vou.
seguindo a tua vida frente á minha

quando revejo aqueles dias, lembro dos beijos insípidos
da atenção forçada
quando revejo aqueles dias, percebo, que há muito
já não era mais feliz

ei, eu tô de partida. meu ônibus sai em uma hora e eu vim te ver.
não, eu não levo malas. sinto que a vida aqui já não me serve e eu irei refazer em outro lugar
esse espaço, essas pessoas, tudo dói
vou curar minhas feridas. viver quem sabe.
como eu já disse, já não tenho nada por aqui.
o que tinha brilho apagou e eu cansei.
não, eu não sinto fome.
tô atrasada
eu te amo. e só passei pra dizer adeus

ele continua dizendo que tudo estagnou.
continua deitado no mesmo sofá, ouvindo os mesmos discos. derramando as mesmas malitas lágrimas.
o pão. a garrafa. a faca de corte. baratas. tudo batendo no mesmo covil.
a comida embrulha no estômago. bebeu demais
os olhos de abrem. viveu demais
ele continua parado, jornal na porta, contas acumulando.
continua fraco, até mesmo para acabar
com a própria vida
a dor de perde-lo para a morte
seria menor do que a dor
de perde-lo pra outro alguém
o moço me acenou da esquina
eu, inocente. pálida. faminta
não percebi a armadilha, o quanto ele olhou, meu corpo quase nu
levou-me. usou-me. largou-me
levando, por quase nada, o pouco do respeito
que eu ainda tinha entre as pernas

terça-feira, 31 de julho de 2012

a gente tem uma pessoa
e a gente perde ela
quantas vezes mais ela teria que sofrer?
quantas vezes ela diria adeus?
ela continuou gritando
sacudiu o mundo
enlouqueceu
definhou a olhos vistos
[ e de nada adiantou
ainda lembro dos nossos dias dourados
dias em que o sol era mais quente. dias em que um abraço curava dores.
lembro dos nossos olhares: ocultos, de medo, tristeza. desejo
de certa forma, eu continuo guardando nossas fotografias mentais, junto com a pulseira colorida, aquela que nós tínhamos iguais
[ e que você já nem deve lembrar mais

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Gabriel

aos poucos anos, vazou-lhe tudo pelo olho.
a vida resistiu
[a imaginação e os desenhos também







meu babaca, eu te amo
eu não sou boazinha
não uso salto
vestidos? nem pensar!
tá tudo errado
você é bonzinho
eu sou má
adoro quando me nomeiam louca
absurda.
gosto de ser a senhora das coisas intensas
incomuns
fora de série
antes de você, eu era segura
não me importava
não queria cuidados
não sentia ciúmes
abraçava o mundo.
não acreditava que o tal amor poderia suportar diferenças e não sentia tantas vontades.
antes de você, eu julgava errado tudo o que hoje, temos como certo
em meio á tanta melancolia
nem percebi o tom azul do céu
o brilho tímido do sol
o moço, me acenando da esquina
em meio à tanta coisa má, nunca pensei que a vida
poderia continuar
aos cinco, queria ser bailarina
com dez, minha paixão era a biologia
quatorze, e eu pensava em psicologia
hoje, a quem me pergunta, respondo na lata: serei rameira, puta, louca.
mulher da vida
ele suspirava, e sua língua passeava pelos meus dentes, em meus lábios abertos;
ele respirava, e suas mãos desciam pela base em minhas costas;
ele suspirava. uma, duas, três vezes
e meu mundo se resumia naqueles suspiros, logo logo acompanhados de um sorriso.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

pelo que eu sei, ele sempre foi impossível
pregava peças, burlava regras
falava o que pensava. faltava aulas. contestava tudo
ele sempre fez loucuras com um quê de alucinação
e, pelo que eu sei, ele sempre ganha todo o mundo
dizem que nunca se sabe quando a inspiração vem
a minha, eu sei bem de onde vem: dos mil 'ele'
das manias. dos cabelos negros; dos longos cílios perigosos, cheios de armadilhas
pegadas
precipitações
o medo. o incerto.
o escuro. a noite
tudo me leva à ele
tudo me faz ser ele
andar ele
ser dele
ele fala de mim quase querendo que eu acredite que tudo passará de coisas carnais.
pra sempre é um período de tempo demasiado longo.
[durante esse 'pra sempre', nem as sensações carnais seriam eternas e nem eu seria capaz de fingir
suspiros tão intensos
tô pensando em me alistar no exército das putas
viver da liberdade, da bebida e da foda.
deitar e conhecer mil mapas em mil corpos.
apanhar e agradecer por isso
ter, ao menos uma vez, a síndrome de Julia Roberts
e, no fim da vida, assinar papéis delirando.
ser a puta particular [de um homem só

quarta-feira, 11 de julho de 2012


ele chegou há horas. já fumou três carteiras de cigarro.e bebeu. misturou tudo, mas continua de pé.tão jovem, bonito. tá de terno. de onde será que ele vem? e outra: há horas ele chama pelo mesmo nome. e nomeia tudo com esse mesmo nome. até cerveja! nem sei o que fazer. já tentei expulsar e nada. já avisei que ia fechar e nada. ele continua ali, fumando sem parar, bebendo além da conta e chamando alguém.
ninguém consegue convencê-lo a ir embora. ele já chorou. e chamou o nome. aquele nome. sempre o mesmo nome.
tenho pena, mas o que eu posso fazer? ele parece ter conhecido a dor de perder alguém.
quanto tempo mais ele vai fumar, beber e chamar alguém que não vem? quantas vezes mais ele terá que sofrer?
ele continuou clamando o tal nome. mas de nada adiantou

- oh, julieta.
- meu romeu
- espera!
- que foi?
- nós somos romeu e julieta de quê?
- huum, romeu montéquio e julieta capuleto
- que feio!
- nem acho!
- tem que nacionalizar isso aê.
- tipo como?
- eu sou romeu da silva e você é julieta vieira.
- que feio!
- é nada.
- ta bom ta bom. então, romeu. para o além-mar fugiremos?
- e minha família?
- abandone-os
- oh, doce julieta, mamãe precisa de mim.
- porra, tua mãe é uma velha.
- tá bom
- fácil assim?
- incorpora o personagem, ô!
- doce julieta..
- me beija, romeu
- tá
- mas é beijo beijo!
- pronto
- abre essa boca!
- agora sim
- então, romeu...
- teu celular tá tocando, julieta
- merda
- oh, julieta, me deixe pegar na sua..
- gaveta!
- maçaneta!
- rimou!
- agora eu vou ser julieta
- gostosa
- ain, para
- me beija. beijo de cinema
- fiquei torto
- te ajeita!
- você ta mal hein
- você é um ótimo ator.
- eu sei, menina
- me beija logo romeu.
- tá bom




( para Lucas Batista, meu poço de imaginação sem futuro. eu te amo você tu )

era o perfume.
sempre o perfume, que parecia ser o mesmo e já não era.
a mistura do perfume com o suor matinal lembrava-lhe manhãs que já pareciam distantes.
manhãs em que ela o contemplava dormindo, em um sono solto, quase sem respirar. manhãs em que ela acordava quatro, cinco vezes, com o mesmo beijo. manhãs em que a vida só começava à uma da tarde.
manhãs distantes. e que não voltariam mais.
já tive sonhos. motivações. mil príncipes.
já quis. já fui. já chorei. sequei os olhos. me fiz de louca
fui louca. esquizofrênica.
Hoje, tenho garrafas com água. barris secos. folhas em branco;
alma vazia
e nada mais
banho frio
café quente
e toda a água que lhe escorreu parecia ser negra.
pintou-se para disfarçar o cansaço
fez-se de bruta. rude. forte
para descobrir, no fim de tudo, que era frágil
A depressão não me serve para chorar.
chamar a mamãe.
beber.
nessas horas eu escrevo. porcarias que ninguém quer ler. e nada mais.
ela tomava café e a xícara parecia a mesma. a mesma. só e somente a mesma.
ela amava. e a pessoa parecia a mesma. só e somente a mesma.
ela chorava e as lágrimas pareciam as mesmas. só e somente as mesmas.
mas não eram. eram um misto de dor, tédio. frustração. tristeza.
ela andava. e parecia não ser a mesma. mas ela era.
a mesma. só e somente a mesma
ele sempre quis me comer.
com o pau. com a boca. com os olhos.
sempre me tratava com um gracejo e me chamava de gostosa.
nunca gatinha. nunca princesa. sempre gostosa.
gostosa, traz minha cerveja
gostosa, me dá um beijo
gostosa, me escreve
gostosa, me chupa
eu nunca reclamei.
gostava de ser comida.
com o pau, com a boca, com os olhos.
até que, esses dias, ele se foi.
em sua despedida, me deu um novo nome.
puta.

sábado, 7 de julho de 2012

se ele perguntar por mim, diz que eu rezo.
que finjo prazeres mais intensos e que bocejo menos.
se ele perguntar por mim, traga-o até a minha rua,
diz que eu tô perdida por dentro.
aprende, menina. quem quer ficar fica. quem ama, procura. quem sabe, fala.
então para de rastejar por esse idiota de uma vez.
rasga as meias, corta essa calça. põe um rímel. vive, menina! vai ser feliz!
procura surpresas pelas esquinas.
mesmo que o vento não sopre e que as árvores pareçam sempre iguais, você nunca será o mesmo.
mesmo que faças a mesma coisa, todos os dias, tudo se move.
e mesmo que você não aceite, sempre estará em constante mudança.
eu ando me perdendo nos teus olhos escuros rodeados de cílios perigosos.
me concentro na tua respiração e sinto que não há nada melhor no mundo.



'' porque ele não regra o que eu carrego aqui dentro. ''
eu gosto tanto de ti.
dos teus cabelos grossos, lábios finos.
das tuas manias, da rebeldia.
amo os teus sonhos.
enlouqueço com esse teu jeito de me procurar e fingir que não me quer.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

se for pra enfrentar a quentura desses dias,
eu quero que seja ao lado das tuas mil manias.

Tu tens uma lenda pessoal para cumprir, e ponto final. Não importa se os outros apoiam, criticam, ignoram, toleram - tu estás a fazer isso porque é o teu destino nesta terra.



( Paulo Coelho )

mania

é teu nome que eu chamo quando sinto falta de alguém. é teu cheiro que eu sinto quando o vento sopra.
é teu o sorriso idiota que sai dos meus lábios a cada cinco minutos.
é pra você que eu quero relatar meus dias, é em você que eu quero despejar a culpa quando tudo der certo. e errado.
porque tudo que meche comigo é metade. meio feio, meio torto, meio esquisito. assim como você parece ser quase todo perfeito.
as mechas negras caindo sobre esses longos cílios e os mil sorrisos presunçosos.
a calmaria na noite que se inicia e a agitação nos arrepios dessa pele que parece só escutar você
porque tudo que me envolve e move é errado. armadilha.
e você, que parece ser até tão certo, caiu.
oh, coitados de nós.
pobre de mim, que já não tenho saída e fico me esfaqueando toda vez que noto que ando sentindo demais a tua falta.

segunda-feira, 25 de junho de 2012


Dois menos um, às vezes, é igual a quase nada

Silêncio absoluto. Sem telefonemas, cartas ou mensagens no computador. Nada. Nem respostas. Tanto tempo. Misto de receio e dor crescendo no peito. Ameaçando o amor. Amor? Não é amor o que se sente. Mas é parente.


- Márcia Maia
eu sei
tu sabes
eles sabem
todos me odeiam
[inclusive você, que esquece desse fato
após um leve vai-vem de lençóis

ele faz por querer; me chuta, arranha.
depois mordisca minha orelha e me lança aquele olhar de mil cores,
e um sorriso azul como o céu.

eu só pensei naquele sorriso, e na forma como ele me transforma, e comecei a sorrir também, sozinha, no escuro. lembrei da forma como aqueles dedos passeiam das minhas costas até meus cabelos.
aquela boca fina me chamando de coisas absurdas, coisas que não esqueço.
uma língua multicolorida quase descendo pela minha garganta.
e eu deixo.
querendo ser sugada eu deixo.

eu me sinto tão sozinha andando pelo meio dessa gente. é como se meu lugar não fosse esse. como se eu fosse o corpo estranho do lugar. acredito que se eu me pintasse de azul chocaria menos as pessoas, dispersaria menos comentários, menos questionamentos. quem sabe mais aceitação.
quem sabe eu seja a idiota no mundo. e todo o resto esteja certo, limpo, calmo.

era uma vez

Eu sei lá, mas parei de acreditar em contos de fadas.
Não me vejo mais como princesa e os homens mais parecem sapos.
Não creio que terei um final feliz, nem mesmo um comecinho que seja.
O encanto não acaba à meia noite pelo fato de nunca haver existido.
Não perco meus sapatinhos de cristal, só uso tênis.
E já não creio no beijo salvador porque isso não é correto.
Hoje, todas as minhas maçãs parecem estar envenenadas e eu me deixei seduzir pelo lobo.
Pintei meus lábios e me equipei com uma meia arrastão.
Hoje, eu só dou o meu amor se receber sexo.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

vivemos naquele emaranhado de mentiras
rodeados de verdades e negamos fatos
pelo simples fato de não querermos saber
[ou não termos paciência de contar
hoje eu deitei o tempo no meu colo
e deixei o pobrezinho chorar baixinho
queixar-se dos problemas que os outros
o encarregam de resolver

terça-feira, 19 de junho de 2012

quem sabe você vire a esquina e conheça outra pessoa;
ela será perfeita, linda, maravilhosa.
ela não fala palavrão, ela é magra, ela respeita os pais e vai à igreja.
ela não é louca, não escreve nada chocante nem idiota.
ela não lê e parece uma princesa.
ela vai cumprir horários e vocês só vão ter coisas mais quentes no primeiro ano de namoro, ela vai pedir perdão depois disso e você vai respeita-la como nunca me respeitou
você vai entende-la como nunca me entendeu
a ela você não vai chamar de louca ou besta
a ela você vai jurar lar, amor, família
e vai cumprir.
porque ela é contida, é uma mocinha.
ela reza por você e sonha com anjos.
eu sou a mancha, a descrença.
sou o desespero, a angústia
o medo. teus pesadelos
eu sou tudo o que tu nunca pediu e ganhou do teu deus.
amor á primeira vista. ao primeiro toque. á primeira palavra. ao primeiro olhar. ao primeiro texto. à primeira música. amor ao primeiro abraço. ao primeiro beijo. amor à primeira taquicardia. à primeira crise de ciúmes, de insegurança, de identidade. amor à primeira noite em claro, à primeira risada.
amor. mesmo quando houverem mais decepções que bons momentos.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

I -
Quem sabe algum dia eu te esqueça. Quem sabe um dia eu seja atropelada por um caminhão e perca a memória. Quem sabe um dia eu seja internada com Alzheimer e agradeça por esse blackout.
Quem sabe, em outra vida, eu não te ame mais.

II -
Quem sabe, um dia, você me esqueça. E aí você vai casar e ter um filho e um trabalho legalzinho.
Em outra dimensão, eu serei uma Hippie que vive de trabalho manual e mora na rua. E, talvez um dia, você irá passar por mim e vai me dar uma esmola. Eu estarei suja, mas meu olhar terá o mesmo brilho. Depois, você vai seguir seu caminho e eu lembrarei de você. Dos nossos beijos, e das três vezes que nós dormimos juntos e das manhãs ensolaradas.
Enquanto eu estiver comendo o pão comprado com o dinheiro da tua esmola, eu irei imaginar estar chupando o teu pescoço. Eu vou desejar você, ao menos uma vez.

III -
Quem sabe, um dia, você me esqueça. E aí você vai estar casado, com um filho e um bom trabalho.
Em outra dimensão, eu serei uma poetisa suicida e na praça haverá uma estátua em meu nome. E aí, um dia, sua esposa estará passeando na tal praça com seu filho e os pássaros estarão fazendo cocô na minha cabeça de estátua. Seu filho vai perguntar 'mãe, quem é essa?' e ela vai responder 'Essa é a Lady Di, meu filho. A moça que inventou a televisão. Ele vai dizer 'nossa mamãe, você é taãããããão inteligente!' E eles irão passar direto, seguir um caminho. A noite, ele vai te contar a história que a mãe contou, de como Lady Di inventou a TV. Você não vai lembrar de mim, e, mesmo no túmulo, eu ainda vou te querer.

IV -
Quem sabe, um dia, você me esqueça. E aí você vai estar casado, com uma filha e uma firma própria.
Em outra dimensão, eu serei uma escritora. Você terá meu livro enfurnado no escritório e sua filha, que chora por amor, irá encontra-lo. Ela começará a ler, mas logo irá enjoar.
Esse livro é meu, quem sabe. Sua filha viu minha estátua na praça e sabe minha história. Mas ninguém sabe o porque daquela estátua ali, e isso nem importa. Ela irá parar de ler o livro porque ele fala unicamente de você.
Acontece que esse livro não vende bem, é demasiado bobo, e a jovem escritora acaba se matando de desgosto.
Sua filha verá a notícia do suicídio nos jornais e os livros irão vender como água.
Nessa hora, você irá lembrar de mim. Dos modos que eu te apelidava, de tudo o que eu te escrevi, dos livros que eu li, da bagunça em minha vida.
Você vai morrer de saudades, e já será tarde demais.
Porém, mesmo morta, você ainda será meu sonho.

conclusão

Quem sabe, um dia, você lembre de mim.
Você estará casado, sem filhos, com um emprego no Centro da cidade.
Em outra dimensão, eu serei uma escritora famosa e nem lembrarei de você.
Um dia, eu estarei andando pela rua e encontrarei você. Seus olhos irão brilhar e nós iremos tomar um café juntos. Você irá me contar toda a sua vida desde a nossa despedida e eu irei sorrir e lembrar os velhos tempos, em que eu amava feito louca. Na saída do café, nós iremos nos beijar e faremos amor nas escadas do prédio onde fica o teu escritório. Você irá sorrir e nem lembrará da esposa.
Vai chegar em casa e contar a ela toda a nossa história. Ela vai morrer de ciúmes, mas depois esquece, afaga teus cabelos, faz tua janta.
Você não será mais o mesmo.
E eu já nem terei os fantasmas das tuas lembranças.


Quem sabe ela gosta da confusão do mundo. Talvez ela seja a perturbação em pessoa, o azar em forma de gente.
O sorriso dela não valia quase nada e cada palavra saída daquela boca parecia ter vontade própria.
Ela morre de vontade de esquadrinhar verdades e assinar atestados de óbito.
Todos os dias, ela sangra um pouco.
Todos os dias, ela sofre mil decepções.
Ela é assustada, morta, pisoteada.
É vendida, hipócrita, consumida.
Todos os seus caminhos são despedaçados.
E, mesmo com tudo isso, ela levanta junto com o sol
e põe na cara a melhor maquiagem do mundo: um sorriso

Me deixa ser o teu perfume, teu lençol, tua mania. Me deixa ser teu shampoo, toalha, sabonete, pinguim de geladeira. Me deixa ser teu suor, teu sorriso, teu tato. Me deixa ser tua agenda, tua sina, teus rabiscos. Me deixa ser tua letra, tua melodia, tua música. Me deixa ser tua revista, teu teclado, teu chão.
Me deixa fazer parte da tua vida, me deixa ser o suporte que segura a tua televisão.

Hoje eu tentei fazer mil coisas, te tirar do meu foco, mas só imaginava você.
O que você estaria fazendo, se ainda dormia,
se sonhou comigo, ao menos uma vez.

Todos os meus escritos tem mais você que qualquer um.
Se eu quiser ficar rica com poesia, conto ou fábula, preciso rever isso.
Afinal, ninguém vai querer ler um livro que descreva, de cabo à rabo, uma pessoa só.
Vi que alguma coisa havia mudado
Quando eu comecei a contar as horas pra te encontrar.

Contigo, aprendi coisas simples.
As letras, o tato. Teu cabelo cheirando à shampoo.
Você me mostrou como parar tudo e como me isolar em mim, me dar um tempo. Ensinou-me a me encontrar. Me disse que já não sou uma sem jeito no mundo.
Você me fez crescer, me equilibrar em meus pés. Me viciou no beijo de uma certa pessoa de cabelos negros.
Você adivinhou tudo o que eu sentia falta. e completou sem perceber.

sábado, 16 de junho de 2012


Á noite, eles se viam, se enlaçavam, juravam em silêncio e até tinham medo.
O beijo de despedida durava até o amanhecer.
Cada um pegava seu caminho e, quando chegavam em casa, jogavam as coisas, ditas e sentidas, em papéis secretos.

asiática peituda :a

Antes de você, eu era saudável. Meu coração não pulava e eu nem ligava pra música, não arrumava meus cabelos ou minhas roupas. Esquecia as chaves, a vida, o celular. Nem sorria e era grossa. Só sabia falar e pensar ser dona de tudo. Antes de você, eu tinha horas vagas. Lia livros de guerra e queimava os romances.
Eu mal tinha ciúmes, não era possessiva, não era carente. Não me importava com poucas respostas ou ironias.
Antes de você, eu sempre tinha razão e nem ligava pro amanhã.
Eu não morria de saudades ou vontades. Antes de você, eu achava que vivia. Não agia por impulso e não me importava tanto com ninguém.
Antes de você, eu era impaciente e não conhecia bem o poder de um abraço. Não pensava que meu mundo poderia girar por um sorriso. Não imaginava que amaria alguém tão cheio de erros...

A verdade, é que eu era vazia. E só me conheci ao te encontrar.

eu quero que catástrofes aconteçam e que você se envolva em um furacão.
Quero que você rasgue o que eu te li, e que esqueça o lado bom de mim.
na verdade, é bom mesmo que esse mundo acabe agora
- Não vai durar muito, você sabe disso. Daqui a pouco amanhece e eu preciso voltar pra minha existência fútil.
- Vai durar sim. Eu vou fazer essa noite ser eterna. Pega na minha mão. Vamos embora, afinal, loucos fazem loucuras
Não baixe a cabeça. Não me cobre.
Não queira desculpas, punhais ou panos.
Não lute. Não negue.
Não se envergonhe de ser um ser amado.
Hoje eu decidi
que a última imagem que eu quero ver
é a do teu rosto

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Hoje eu resolvi fazer tudo errado.
Hoje, pra mim, nada serve
Não tenho um colo e nem a quem recorrer no fim do dia.
Não tenho nada.
[e minhas ideologias estão mais furadas que o fundo das minhas calças]
Você não deveria ter prometido
Mil coisas que não poderia cumprir
O mar arrebentava
O vento soprava
As folhas faziam barulho.
E eu me concentrei em suas mãos
Que subiam e desciam, abrindo novos caminhos em minhas costas.

Eu falo outro nome
Querendo gritar o teu
Depois de um tempo, o poço seca e você se nega. Depois de uns dias, tudo tudo fica cinza e você se fecha. A alma fica suja, podre, insensível. Você domina a arte de fugir de tudo o que te faz feliz e abraça o negro, a obscenidade, a escuridão. Nem tudo reluz e você se vê na beira do abismo, pronto para se jogar.
Ontem eu pensei em descrever mil coisas antes de dormir. Senti um míssil rasgar meu peito e afoguei as mágoas em meus lençóis. Senti uma súbita tristeza e uma imensa vontade de cortar alguma parte de mim. Mas passou. Sofri todos os resultados e engoli o pranto três vezes. Mais uma vez, me convenci (ou tentei) de que tudo está bem. Mas que me vê nem imagina que eu me perdi e que estou só. É que ele jurou não me deixar e me prometeu coisas demais. Mas se foi, deixando o peso do mundo inteiro em minhas costas.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

lara

cozinha. tarde. falta d'água.
Lara lê um folheto de alguma Igreja.
- Huum. Olha Gabi! Aqui tem dizendo assim: Como você se sente? Infeliz? Solitário? Orgulhoso? Angustiado? Presunçoso? Decepcionado? Sem esperança? Cansado e oprimido? Desencorajado e magoado? Com uma fardo pesado de pecado?
- Sim, entendi. E daí mocinha?
- Eu não tô sentindo nada. Não sou infeliz, nem solitária, nem orgulhosa, nem angustiada, num sei o que é presunçosa, nem decepcionada, eu tenho esperança, tô bem descansada e nem sei o que é oprimida. Não tenho mais medo do escuro e nem sei o que é pecado, Gabi.
- Tô ouvindo, Lara. O que isso tem haver?
- Então quer dizer que só procuram a Igreja quando tão assim, tristes? Por mim eu nunca mais vou na Igreja e continuo feliz.

domingo, 10 de junho de 2012


a gente prometeu que não ia mais fechar nossas cabeças.
prometeu que tudo o que for sentido será dito
e que nada mais será tão difícil.

eu tô indo agora, tô atrasada pra viver. desculpa te deixar nessa estação, mas eu tenho que ir.
mas, faz favor? promete que vai ligar pra eu escutar tua risada, tua voz, teu dengo?
promete que vai dizer quando sentir saudades.
eu não sei viver sem ti, sabe. tipo, sem falar contigo, sem saber do teu dia, das tuas aventuras, o que você fez, como está se sentindo e se o inverno já chegou ai na tua cidade.

Beijo.
Riso.
- Você é de verdade menina? ele perguntou.
Beijo.
- Sim. ela riu.
- Então me dá uma tapa.
Ela bate levemente em sua face. Ele abre os olhos.
- Você é de verdade mesmo. E não é um sonho.
Beijo.
Beijo.
Riso.
Beijo.
Abraço.
Beijo.
- Claro que sou real.
Beijo.
- Eu te amo.
- Eu te amo.
ela limpou a lágrima e ele lambeu seus dedos.
pediu desculpa, beijou-lhe os lábios. afagou e cheirou seus cabelos.
e jurou que seria melhor, e prometeu que a amaria até o sol nascer.
mas ela já estava bem. ele já estava perdoado á horas. e foi envolvido em um abraço.
eles sorriram um pro outro, ela limpou a última lágrima. ele lambeu seus lábios.
e tudo estava bem mais uma vez. o dia tinha cores e cheiros bons.

dei um tempo.
ou quem sabe o tempo se deu pra mim.
tá doendo, tá machucando, e eu não curto muito esse troço de amor escancarado o dia todo.
preciso de espaço, de ar, de fluxo.
de chão, de céu. de papéis.
olha, eu vou dar uma volta, não me segue.
tô resolvendo minha vida da forma menos louca e banal possível.
se afasta, nem toca. não queira conhecer minha confusão a fundo.

ela já chegou pisando forte com o coração na mão.
tinha medo, receio, fome. sentiu sede.
e ele lhe sorriu, e ela não lhe deu as mãos.
sentaram-se e ela começou a desfiar um rosário longo e chato sobre os problemas e sobre como tudo era uma merda e sobre como o mundo estava errado e sobre como ela se sentia invisível e mal e só e cinza.
ele percebeu na hora que o fim estava ali, em cada palavra da menina, nas lágrimas que caiam, no modo com que ela mexia naquele velho anel com uma borboleta de prata.
ela não queria, mas era necessário.
disse que eram amigos.
ele calou-se de vez.
ela deu as costas.
nem olhou pra trás, tampouco disse adeus.
é impossível dizer adeus às coisas que você nunca se imaginou sem.

Sir

eu gosto de tudo em você;
seus movimentos e seus brilhos e olhos e dedos.
e gostos e bobagens.
e voz. e silêncio.



'' Eu gosto quando eu leio algo que você escreveu e que eu sei que é pra mim. ''

quinta-feira, 7 de junho de 2012


sete

Eu pensei em escrever algo cheio de mimimi, mas vi que isso pouco importa.
O que importa foi o que nós lutamos, o que andamos e o quanto conhecemos.
Confesso que eu me surpreendi com muitas coisas, mas isso tornou-se balela.
Aprendi o valor da confiança e da paciência. Ah, sim. Paciência acima de tudo.
Consegui valorizar mais as coisas pequenas que nós tornamos grandes.
Antes eu gostava que você me olhasse e me fizesse juras.
Hoje, eu quero que você me olhe e não diga nada. Não precisa.
Acho que lhe devo agradecimentos. Não irei agradecer sua presença em momentos difíceis, e sim nos dias em que meu sol brilhou.
Estúpida. Idiota. Eu.
Bobo. Perdido. Você
E isso encaixa? Eu não sei.
Se eu o amo?
Não direi. Não hoje.
Recentemente as palavras ditas perderam um pouco o valor pra mim (veja só que ironia).
Então, dilate as pupilas. Veja. Sinta.
Feliz Dia Sete, sei lá.

Eu não quero que acreditem em mim. Não quero ser caixinha de segredos nem nada. Não quero ser conforto, calmaria ou luz.
Não quero ser ponto de equilíbrio.
Estou cheia dessas cobranças.
No final, eu tenho o prazer de fazer tudo ruir mesmo.

quarta-feira, 6 de junho de 2012


Quando alguém quer saber o que eu já fiz,
eu jogo meu cabelo,
tento abrir um sorriso e digo: Passou, foi, perdeu. É passado né?! Eu não vivo mais lá!

eu quero que você veja que meus olhos mudam todos os dias
quero que você não canse de me descobrir, e que inove também
eu gosto de gente! de cheiro! de tudo
me apaixono a cada cinco minutos e não vejo problema nisso
eu gosto de quem se joga, procura
quero uma pessoa que se entrega, sempre
mamãe jé nem me quer mais
e me jogou no abrigo de titio
papai já nem me gosta mais
ou talvez nunca gostou, que seja
já ferrei
fui ferrada
chorei
e ainda nem fui acariciada
tudo isso aconteceu
mas eu ainda sinto uma porra de uma súbita vontade de tentar de novo

Eu queria estar ao seu lado quando você me lê.
Queria ver sua reação, o vermelho no teu rosto, ao saber que tudo isso é teu.
Adoraria ver você lendo duas três vezes seguidas e lembrando de mim, imaginando minha voz.
Eu sempre te imagino dormindo nos dias em que eu escrevo, e você lê.
E, pra mim, ao lembrar de nós, você aspira meu cheiro de alguma forma, e sorri até adormecer, certo de que vai me agradecer sem querer e sem palavras no dia seguinte.

Se tiver raiva, joga tudo em mim.
As dores, as frustrações. Cospe que eu não presto, e que eu sou teu atraso. Que nunca mudo, que sou errada e má e doente. Me chama de louca.
Mas, por favor, quando eu sair, me liga e diz que se arrependeu. Que me entende, que foi momento. Diz que eu sou sua, sua menina, sua princesa. Me pede pra voltar.
Quando eu voltar, sorri e olha pra mim. Me deixa tocar a curva da tua boca, me deixa ser sugada pelos teus olhos.
Me puxa pra perto de ti, me abraça e me beija sem pressa.
Saia. Seja livre. Veja lugares sem mim, conheça novas pessoas.
Mas, quando chegar, diz que foi uma droga, que sem mim não teve graça, que sentiu falta das minhas piadas bobas e da minha risada escandalosa.
Admite, grita, diz. Que me ama.
E eu te mostro, amostro, que o amo muito mais.

E mais uma vez, você me prendeu.
Beijou meus lábios e me fez pensar em poesia.
Quem sabe, eu te faça pensar em borboletas, cores, numa melodia.
Seus olhos densos caíram sobre mim e eu esqueci do mundo mais uma vez.
Concentrei-me em sua mão esquerda e na curva da sua boca com um doce dentro.
Você mal vai embora e eu já sinto tua falta. Choro a tua ausência e escrevo tua presença na areia.
A forma como você é mais alto do que eu, e de como eu fico na ponta dos pés pra te alcançar, pegar seus lábios.
Teu cabelo cheirando à banho recém-tomado e sua calça riscada à esferográfica.
Seu sorriso abrindo das bobagens que eu falo e o teu olhar, como se jurasse que nunca mais vai me soltar.

Você precisa me ajudar a sair dessa.
Meus olhos sangram e minha voz ameaça falhar.
Tenho tomado remédios pra dormir e já nem quero levantar.
Isso virou uma selva e ele, que jurou nunca me esquecer, está me deixando ir.
Nossos mundos mudaram, e ele não aceita o meu.

Ela adorava um mistério, por isso, acabava se tornando um.
Era imprevisível, meio ativa, totalmente louca. Levava o mundo nas mãos e se perdia nos próprios pés.
Andava sempre acompanhada de borboletas, mesmo no escuro.
Aguçava beijos. Cheiros. Tato. Tédio.
Brincava. Com canetas, papéis, dois livros distintos.
Vivia.
Ou quem sabe morria, a fim de se perder.

É que eu me sinto excluída do mundo e nem por isso eu levanto a mão em busca de atenção.
Tudo tem medo, escuridão, ódio e solidão.
Não precisa enganar: há névoa e o olhar não brilha.
Tudo escuro, fado, louco. Consumido, consumado, acabado e destruído.
Quando chega a hora chega a hora, e você tem que me deixar ir embora.

Todos os dias ele passa por ela, e é como se ela nem existisse. Afaga-lhe a cabeça e toca seus lábios. E pensa que isso a alimenta.
Ele diz que a ama com uma leve dose de sarcasmo. Ela, deixada, é a única que não tem casa ou colo no fim do dia.
Suas vidas se encontraram no maior verão e hoje são puro inverno. Ou inferno.
E lá vem ele, mais uma vez, beijar-lhe a testa. E isso já nem basta, e ela se desfaz. Se fecha, sorri menos. Se encosta em um mundo cinza, lindo, dela.
Ele nem vê, mas a moça se vai. Ela não sabe o que quer, não tem caminho, qualquer coisa serve. Ela merece luz, poema, porre. Ela tem um oceano bem profundo, quem sabe negro. Sim, ela lê e escreve.
E ele parece nem dar bola, pobrezinha. Ele não vê o mundo dela, cinza, gigante. Inexplorado em muitos pontos, torto em outros.
E ele nem percebe, ou se percebe, não demostra.
Na verdade, ele a chama de louca. Mas não quer aceitar a poesia nos gestos lindos, da feia moça triste.

domingo, 3 de junho de 2012

ele me grita, se emburaca, espixa. e eu me esforço pra fazer algo de bom, quem sabe notável. quem sabe, plebeu? me diz aí quem sabe?
porque eu te espero toda noite, deixo minha janela aberta, a porta escancarada, o coração livre. e nada nada de você.

zero horas

minhas fotografias estão ficando velhas e as lembranças se vão. quem sabe eu deva agradecer quem sabe não. ele me apunhala, me fere, me chupa e me chama de animal. me beija, me faz engolir choros. me chama de estúpida e me acha um diabinho só porque eu não rezo. ele não se acostuma com meu eu. e eu o espero. até que meus dedos fiquem velhos e que ele fique impotente. e eu espero. até o dia em que o vento parar de bater. ele me joga, me fala e eu dou um risinho no final, finjo que não doeu, parece até que nem foi comigo. mas quando chega a noite, eu já nem tenho mais vontade de nada e choro sozinha em meu quarto. deito exausta e levanto, sem dormir, junto com o sol. e ninguém imagina o quanto dói e quantas dúvidas eu ainda tenho. e ninguém sabe que eu me cortei e que me arrependi e que lambi meu próprio sangue. por algum motivo que eu desconheço, ele me conhece e nem aceita. eu mudei e me questionam. eu toco o foda-se e me amam. e fazem uso das minhas opiniões e continuam a criticar minha pele ossos e cabelos. e eu continuo me sentindo só, e desalmada e mal amada e fútil e puta. e nem quero que me toquem porque eu tô frágil e depois quero que me abracem porque eu preciso. preciso deitar minha cabeça em seu peito e chorar sem dizer os motivos. quero afago, afeto, beijo. quero compreensão. o quero. mas o que eu preciso eu já nem quero e o que eu quero nem é o que eu preciso. esperam. calam. passam. ruas, relógios, caminhos, temporais. e vai você, e lá vou eu, e nada de amor.

terça-feira, 29 de maio de 2012


No fim, eu sou só a menina que quer se refugiar embaixo das cobertas [ou em braços alheios] pra chorar todo o sangue que tá guardado aqui dentro.

anos luz

Carros. Motos. Pessoas.
O vento roçava nas folhas, uma criança corria.
Adultos, falando, por todos os lados.
Um telefone toca. A mãe briga com seu filho.

Naquela noite, o mundo inteiro fazia barulho.
Mas o único som que eu ouvia era o do nosso beijo.
Passou quatro dias sem se banhar e três noites sem dormir.
Mas ele vem! Ele me ama! Ele prometeu, jurou que viria.
Morreu até se matar.
E ouviu jazz. E blues. E MPB. E Nirvana. E chorou. E quebrou vasos. E se amaldiçoou.
Cansou.
Passou uma faca na garganta
[e o tal homem nunca veio

peculiar

'' - Se eu te disser algo, daqui a cinco minutos eu vou mudar de opinião.
Pausa.
- Quer esperar cinco minutos antes de responder, moça? ''
Ela gostava de brincar com o tempo e parar velhos relógios.
Parava-os para adiar a vida [ou quem sabe para controlar a morte]
Ela desaprendeu a viver [ou quem sabe nunca soube]
Ela queria desapego sem sofrimento e o queria.
Ela precisa de uma droga de esquecimento, para soltar as mais fortes memórias.
Ele tem gestos lindos. Simples.
Ele arrebenta meu dique de lágrimas [e nem sabe

Cotidiano

Escreve em mais um caderno. Rasga mais um livro. Corta novamente o pulso.
Recusa outra bebida, toma um remédio. Vira. Morre. Ressuscita.
Rasga. Outro livro, outra alma.
Enlaça. Outro corpo, outra língua.
Bebe (mais saliva). Corre. Foge. Rápido.
Voa. Volta. Dorme. Acorda. Ri. Transa. Abraça. Veste-se. Dorme.
Morre. Acorda. Mais remédios. Xícaras de café.
Dentro em breve, perceberá que nunca mais contemplou as estrelas.

domingo, 27 de maio de 2012

Faz logo essas malas! Bora! A gente foge [e fode] ainda hoje

Há dias o vento sopra teu nome em meus ouvidos.

Tua humildade em sussurrar o que sente, me aninhando no calor dos teus braços frios, no roçar da tua boca em minha nuca. Na noite em segredo.
Eu nem tive tempo de pensar em nada, só queria tuas mãos nas minhas, luar e silêncio.
Luz. Chamas. Fogo. Ardor sem dor.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

eu
o
amo

Eu não falo com você
Você não fala comigo.
E assim, um namora o orgulho do outro.
Eu não gostava de mudanças
Até que eu passei a gostar
[porque percebi que mudei]

Birrento

'' - Eu quero ir pra casa! ''
Ele dizia, deitado no sofá de sua casa.
E eu sabia, não disse nada mas sabia, que a casa que ele procurava era, na verdade, um lar.
Eu te quero
Sempre quis
Desde o dia em que o brilho do teu olhar
Encontrou o meu.
O maior erro das meninas não é excesso de maquiagem
Saltos de sapatos ou combinação de roupas.
O maior erro das meninas é mergulhar de cabeça
em moços de mares rasos.
Ele me beijou os lábios.
Afagou meus cabelos.
Beijou minhas bochechas
Tocou levemente minha boca.
E, como se tudo isso não bastasse, ele disse, entre-beijos, que me amava
[não explicou a forma de amor, e mesmo assim nem precisou]
Meus lábios, hoje, estão rachados.
Cinzentos.
Mortos.
Lindos.
Cheios de poeira
Do seu míssil que me visitou noite passada

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Minha inspiração vem de putas.
Escarros. Negros. Peles. Olhos.
Profundos. Oceanos. Secos. Mundo.
Luxúria. Línguas.
Tudo o que sai de mim é um parto branco, contornado, dos mais variados pecados.


(Para João Gabriel R., porque? eu nem sei. ele merece!)
Eu o amo.
Continuo amando.
Querendo.
Cuidando.
[mas não a ponto de lutar para mantê-lo em minha vida]

He come to me

[just in dreams]

He make me feel good things

[but it's just in my dreams, every fucking night]


[...] é como se eu estivesse me expondo em uma vitrine.
eu fico gritando, gritando, gritando.
Há uma multidão na rua.
A vitrine é de vidro.



[mas ninguém faz questão de me ver]

Eu me sinto pesada;
O banho de chuva de ontem não foi suficiente pra lavar minha alma
Saciar meu corpo.
Expurgar meus pecados.

Andar dói.
Não, eu não tô falando de doer o corpo. Eu tô falando de alma.
Desde o início, a sina do ser humano é andar.
Alguns tem rumo e agradecem. Alguns tem e não querem. Outros não tem e querem. Mas tem o tipo raro, que andam pra onde o vento soprar.
Eu, por exemplo, já percorri muitas milhas (apesar da minha pouca idade).
Aprendi que atalhos nem sempre são bons e que os caminhos podem esticar ou encolher dependendo de quem esteja ao seu lado.
Também perdi coisas em minhas caminhadas.
Perdi chaves.
Documentos. CD's. Livros. Estórias. Sentimentos.
Perdi pessoas.
Enquanto eu andava, coisas queriam me puxar pra trás e eu, por pura questão de sobrevivência, pisei nelas.
Nesses caminhos também deixei minhas lágrimas.
Já sou uma moça, não preciso mais chorar, me ensinou mamãe.
E, como se somente andar não bastasse, nós crescemos.
Largamos. Somos largados. Aprendemos. A sermos solitários.
A descontar em nós todo tipo de dor.

sem nexos anexos, eu vou

É como se eu gritasse.
Me surrasse no meio da multidão.
E mesmo assim, ninguém me vê assim, quebrada.
Eles só querem meu olhar brilhando, meu sorriso aberto o dia inteiro. E o que eles querem, eu dou.
Mas eu faço isso só pra ninguém ache estranho, quando eu estiver sangrando, a ponto de sumir.

quarta-feira, 23 de maio de 2012


Eu fico gritando
teu nome
cabelos
olhos
sorriso.
Guardando a sua pessoa
dentro de mim
Hoje eu acordei, e andei na chuva.
Me encharquei!
De água.
Frustração.
Tédio.
Renovação
Eu lembro
Da tua respiração entre-beijos a cada cinco minutos
[e fico querendo te asfixiar ainda mais]
* I *
Ele insiste em querer em mim a boneca fingida
Que eu jamais serei.

* II *
Ele insiste em querer me concertar
achar um jeito
botar na linha

[e é óbvio que um menino
não vai conseguir fazer isso comigo]
Eu joguei tudo. Larguei as certezas. Confiei que você conseguiria segurar a barra (comigo, é claro!)
Porque você, moço, tá valendo mais do que qualquer coisa, mais até do que a minha palavra (eu nem deveria dizer isso, mas é a verdade)
Eu entrei em você querendo poesia. Você entrou em mim porque, talvez, estivesse cansado de melancolia.
Agora, nem você fica tão triste e nem eu fico sem escrever.
Se é algo além disso, prefiro o segredo moço.
[aiaiai lá vão mais uma ruma' de coisas que eu nem deveria dizer]
Eu só sei que quando você me olha, eu viajo. Me solto.
Fico querendo seus olhos em mim, pra sempre.
Seu moço, não para de me ler.
Não para nunca de ouvir minhas histórias.
Não deixa de me sorrir, de me abraçar, de tocar meus lábios, mesmo quando
as coisas estiverem difíceis.
Não me nega a tua poesia.
Não me tira da tua vida, dessa insana filosofia.




(Pra Talita Santos. Tem coisas que só ela entende, vai entender porque!)

terça-feira, 22 de maio de 2012

ela acreditou. pés descalços, sorriso no rosto, brilho no olho. ela acreditou quando ele disse que jamais iria embora. e embora ela imaginasse que era impossível, alguém continuar ao seu lado, ela o seguiu. foi no embalo daqueles pés que a levavam, com suor, vontade e cansaço.